VHL no cérebro e na espinal medula

Angiomas no encéfalo e na espinal medula são também denominados hemangioblastomas. Uma cavidade na espinal medula é denominado seringomielia. Quando ocorre um hemangioblastoma normalmente só será tratado quando surgirem sintomas, a menos que cresça rapidamente. Com consultas regulares a um neurologista, com a periodicidade indicada pela equipa médica, os primeiros sintomas poderão ser detectados e aí exigir exames mais completos normalmente com recurso a TAC ou RM. Os primeiros sinais ou sintomas podem incluir dores nas costas, dores de cabeça, torpor ou adormecimento de partes do corpo, tonturas e fraqueza ou dores nos braços e nas pernas.

Tente encarar isto como tendo um sinal volumoso no interior do corpo. Não há qualquer problema em ter um sinal, a não ser que comece a incomodar. E nestas áreas delicadas, em que não há espaço extra, o problema nem é tanto o sinal, mas a pressão que a sua existência provoca no cérebro ou nos nervos periféricos. É essa pressão ou bloqueio do fluxo normal do líquor cefalo-raquidiano que causa os sintomas. Ao mesmo tempo, há sempre algum risco nas cirurgias para remover lesões do cérebro ou da espinal medula, pelo que os riscos e as vantagens deverão ser cuidadosamente ponderadas. A intervenção cirúrgica só é normalmente aconselhada quando surgem sintomas, mas antes de estes se tornarem demasiado severos.

Estão a ser tentados novos tratamentos. Ocasionalmente poderá ser recomendado um tratamento pouco invasivo no estádio inicial para parar o crescimento do tumor e evitar que se forme um quisto. O objectivo, tal como no olho, é manter a lesão suficientemente pequena para não causar problemas. A cirurgia estereotáctica, às vezes denominada gamma knife, é um tipo de tratamento que não requer abrir a pele3. São usados feixes de radiações com diferentes orientações (cerca de 201 ângulos) de modo a atingir alvos específicos em altas doses poupando os tecidos normais. Alguns centros médicos utilizam a cirurgia estereotáctica como forma de restringir o aumento dos tumores de VHL no encéfalo. Pode discutir-se a questão com a equipa médica porque nem em todos os casos é adequado. A aproximação a um hemangioblastoma no cérebro ou na medula deverá ser cuidadosamente analisada com um neurocirurgião conhecedor da VHL4.

Nenhum dos tratamentos é sempre o indicado. Depende do tumor em questão, da sua posição e tamanho e dos riscos associados a cada abordagem. É importante entender completamente as opções e trabalhar com a equipa médica para chegar à melhor solução. Não se iniba de pedir segundas opiniões. Os hemangioblastomas são tumores muito raros, de VHL ou não, e poucos cirurgiões detêm grande experiência com eles. É útil para si e também para o neurocirurgião auscultar várias opiniões sobre a melhor abordagem ao problema.

Dora Resende Alves