O Pedro Silva é um alumnus do DCC, onde fez a sua formação ao nível da licenciatura e ao nível do mestrado. Para além desse percurso como aluno, também trabalhou no próprio DCC como administrador de sistemas. Neste momento ocupa uma posição de liderança na Critical TechWorks, onde é o Chief Technical Officer (CTO). Esta empresa surgiu de uma colaboração entre o grupo BMW e a Critical Software, sendo pioneira em várias áreas tecnológicas da indústria automóvel.
O Pedro completou a Licenciatura em Ciência de Computadores em 2002 e o antigo Mestrado em Informática - Ramo de Sistemas e Redes, também na FCUP, em 2006.
Obrigado Pedro por teres aceite o nosso convite para falar um pouco sobre ti e sobre a tua passagem pelo DCC!
Podes dar-nos um pouco de informação básica sobre ti? Por exemplo de onde és ou em que escolas andaste antes de vires para o DCC?
"Nasci no Porto em 1978 e sempre aí vivi. Desde pequeno pensei que iria ser médico e todos os meus estudos foram nesse sentido. A primária foi feita na escola nº79 do Porto, o ciclo na Escola C+S Pêro Vaz de Caminha e o Secundário na Escola Secundária Rainha Santa Isabel, que hoje já não existe. No secundário optei pelo Agrupamento Científico Natural, seguindo o meu gosto pela biologia, química e física e a minha enorme curiosidade de como tudo funciona.
Curiosidade esse que aumentou quando tive o meu primeiro computador (já muito tarde) e onde sentia que havia um apelo natural. Uma coisa levou à outra e acabei por ir para o DCC."
Que curso fizeste no DCC e quando? Caso tenhas feito tese podes dizer-nos o tema e quem foi o teu orientador?
"Entrei para o curso de Ciência de Computadores em 1997 era o c970307044 :) E entrei para o Mestrado em Informática em 2004. A minha tese de mestrado foi orientada pelo Prof. José Paulo Leal e o tema foi: “Uma infraestrutura de suporte à adaptabilidade em sites web”."
Podes contar-nos um pouco do que tens feito desde que saíste do DCC? Em que empresa estás a trabalhar actualmente e em que funções? Como foi o teu percurso até chegares aqui?
"Eu comecei a trabalhar enquanto ainda estudava, por volta de 2000. Trabalhei no próprio departamento num projecto piloto de HelpDesk de alunos para alunos, o LabCC. Com o sucesso e evolução que esse piloto teve, e com as necessidades a aumentarem, acabamos por nos tornar um serviço acabando por ser o meu primeiro emprego após o fim do curso. Trabalhei então nessas funções como administrador de sistemas e redes até 2007, altura em que decidi fazer algo diferente e mais ligado ao sector privado de desenvolvimento de software.
A 1 de Março de 2007 entrei para a Critical Software, em Coimbra, como Java Software Developer, algo totalmente diferente do que tinha vindo a fazer, mas que eu gostava muito e que encarei como um desafio. Passados dois anos comecei a fazer gestão técnica da minha equipa de desenvolvimento e desde então tem sido o meu papel principal na Critical. Desde esse dia passei por diversos projectos, clientes e locais.
A minha mais recente aventura começou em fevereiro de 2018 com os primeiros passos para a criação da empresa Critical TechWorks, uma pareceria entre a BMW e a Critical Software e onde agora sou CTO de uma das áreas de desenvolvimento."
Podes contar-nos como a tua passagem pelo DCC contribuiu para o teu desenvolvimento não só do ponto de vista científico, mas também como pessoa?
"A maior contribuição foi na capacidade de adaptação e de trabalho.
No primeiro, pela a forma como o curso nos obriga a ter capacidade de aprendizagem em diferentes áreas de competência e de uma forma genérica e transversal. Noto hoje que tenho uma grande facilidade em adaptar-me algo novo e interiorizar os seus conceitos.
No segundo, porque ao ter conciliado os meus estudos com trabalho na mesma área me deu uma visão ímpar sobre o que é aplicação dos nossos conhecimentos num contexto prático e de exigência. Trabalhar desde tão cedo com utilizadores jovens, exigentes e num contexto tecnológico emergente, deu-me a capacidade de cedo perceber que tipo de relações e preocupações devem existir nestes dois extremos: programadores e utilizadores."
Do que mais gostaste no DCC e no teu curso? Quais são na tua visão os pontos fortes do Departamento que destacarias?
"Olhando para trás, provavelmente do nível de exigência e de plasticidade a que nos obrigava. Apesar de muitas dores de cabeça sinto que estou hoje preparado para enfrentar qualquer tipo de desafio nesta área.
Não posso deixar também de referir o ambiente vivido entre colegas e docentes. Não ser um curso de centenas de alunos permite que quase todos se conheçam e se entreajudem, e os docentes acabam também por nos conhecer e estar disponíveis."
Ainda te recordas de algum projecto, trabalho, unidade curricular ou desafio em particular que tenhas tido no teu percurso no DCC que tenha sido algo especialmente gratificante e que ainda hoje te recordas?
"Como já referi anteriormente a iniciativa LabCC, o Helpdesk de alunos para alunos.
Já a nível curricular foram vários: a criação de uma distribuição Linux na cadeira de Sistemas Operativos, a criação de uma linguagem gráfica na cadeira de Compiladores, o problema do caixeiro viajante na cadeira de Complementos de Inteligência Artificial, os jogos em rede na cadeira de Interfaces Gráficas, os chats distribuídos na cadeira de Engenharia a de Software, entre muitos outros…
Outra coisa em que tive também oportunidade de participar foi na organização de vários concursos de programação, quer a nível nacional quer a nível internacional, e que me deram grande prazer. Não só pelo evento em si, mas também pelo contacto com diversas pessoas."
Uma outra memória do DCC que ainda hoje leves contigo?
"Acima de tudo os amigos e as pessoas com quem tive contacto, os lugares por onde passei (passei pelos três edifícios em que o departamento esteve) e o facto de sentir que tudo o que vivi durante este período em que estive no curso e no mestrado me moldou enquanto pessoa e profissional."
Mais alguma coisa que gostasses de acrescentar. Por exemplo, algo sobre a tua posição ou desafios atuais, ou um conselho para aqueles que possam estar agora a ingressar no ensino superior?
"Acaba por ser algo que é um misto entre os meus desafios actuais e o futuro para aqueles que estão a entrar no curso.
Estou neste momento a ajudar a criar a Critical Techworks e como parte das minhas responsabilidades tenho de criar e formar equipas técnicas de grande qualidade. Para todos aqueles que estão a gora a entrar no curso, os próximos anos trarão grandes oportunidades e um crescimento ainda mais acentuado da nossa área. Com um número cada vez maior de pessoas no mercado, a diferença entre elas será feita pela qualidade das suas competências de base, pela sua capacidade de adaptação e pelo sua capacidade de comunicação.
Encarem o início desta fase como uma oportunidade para se diferenciarem e serem melhores todos os dias."
(23 de Maio de 2019)